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Macae2No dia 13 de março de 2018, o Núcleo de Solidariedade Técnica da UFRJ fez 15 anos de vida. É considerada a sua data de fundação (13/03/2003) a reunião de colegiado do Departamento de Engenharia Industrial (DEI/POLI/UFRJ), que na época aprovou a criação do laboratório SOLTEC na sala F124, sob a coordenação do professor Sidney Lianza.

Nesse aniversário de quinze anos do Soltec, realizamos um evento para celebrar nossas lutas, resistências e vitórias, além de iniciamos um projeto de resgate da memória desse período e das inúmeras pessoas que ajudaram a construir o Soltec.

Inspirados pelo texto Memória e Sociedade: lembranças de velhos, de Ecléa Bosi, e por alguns trechos desse livro, como "Eu ainda guardo isso para ter uma memória viva de alguma coisa que possa servir pra alguém", "Parece que estou rejuvenescendo quando recordo" e "Agradeço por estar recordando e burilando meu espírito", utilizaremos esse espaço para rejuvenecermos e nunca perdermos aquela chama de aventura e ousadia que nos levou a criar o Soltec.

A seguir, algumas seções de nossa memória:

- O início

- Sidney Lianza

- Linha do tempo

- Galeria dos coordenadores

- O Encontro Nacional de Engenharia e Desenvolvimento Social

- Projetos encerrados

- Ex-membros

Terminamos essa seção, com alguns lembretes do Eduardo Galeano, em seu Livro dos Abraços, sobre o risco de perder a memória:

A desmemória/1  

Estou lendo um romance de Louise Erdrich. A certa altura, um bisavô encontra seu bisneto. O bisavô está completamente lelé (seus pensamentos têm a cor da água) e sorri com o mesmo beatífico sorriso de seu bisneto recém-nascido. O bisavô é feliz porque perdeu a memória que tinha. O bisneto é feliz porque não tem, ainda, nenhuma memória.
 
Eis aqui, penso, a felicidade perfeita. Não a quero.   
 
A desmemória/2  
 
O medo seca a boca, molha as mãos e mutila. O medo de saber nos condena à ignorância; o medo de fazer nos reduz à impotência. A ditadura militar, medo de escutar, medo de dizer, nos converteu em surdos e mudos. Agora a democracia, que tem medo de recordar, nos adoece de amnésia; mas não se necessita ter Sigmund Freud para saber que não existe o tapete que possa ocultar a sujeira da memória. 
 
A desmemória / 3  
 
Nas ilhas francesas do Caribe, os textos de história ensinam que Napoleão foi o mais admirável guerreiro do Ocidente. Naquelas ilhas, Napoleão restabeleceu a escravidão em 1802. A sangue e fogo obrigou os negros livres a voltarem a ser escravos nas plantações. Disso, os textos não dizem nada. Os negros são os netos de Napoleão, não as suas vítimas.  
 
A desmemória/4 
 
Chicago está cheia de fábricas. Existem fábricas até no centro da cidade, ao redor do edifício mais alto do mundo. Chicago está cheia de fábricas, Chicago está cheia de operários.
 
Ao chegar ao bairro de Heymarket, peço aos meus amigos que me mostrem o lugar onde foram enforcados, em 1886, aqueles operários que o mundo inteiro saúda a cada primeiro de maio.  
 
— Deve ser por aqui — me dizem. Mas ninguém sabe. Não foi erguida nenhuma estátua em memória dos mártires de Chicago na cidade de Chicago. Nem estátua, nem monolito, nem placa de bronze, nem nada. 
 
 O primeiro de maio é o único dia verdadeiramente universal da humanidade inteira, o único dia no qual coincidem todas as histórias e todas as geografias, todas as línguas e as religiões e as culturas do mundo; mas nos Estados Unidos, o Primeiro de maio é um dia como qualquer outro. Nesse dia, as pessoas trabalham normalmente, e ninguém, ou quase ninguém, recorda que os direitos da classe operária não brotaram do vento, ou da mão de Deus ou do amo. 
 
 Após a inútil exploração de Heymarket, meus amigos me levam para conhecer a melhor livraria da cidade. E lá, por pura curiosidade, por pura casualidade, descubro um velho cartaz que está como que esperando por mim, metido entre muitos outros cartazes de música, rock e cinema.  
 
O cartaz reproduz um provérbio da África: Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorifícando o caçador.

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